Previdência Social: algumas distorções

Algo que está sendo muito falado atualmente é a reforma da previdência. Será que sabemos o porquê que apareceu esse tema agora?

Nosso sistema de previdência é um sistema de repartição simples, ou seja, é um sistema onde o valor que os aposentados recebem vem dos trabalhadores na ativa. Você já deve ter notado o desconto referente ao INSS na sua folha de pagamento. O que você não vê é que esse dinheiro é para pagar o aposentado.

Isso significa que quando se tem mais pessoas jovens trabalhando, do que aposentados recebendo, essa conta fecha tranquilamente. Porém, quando é o contrário (mais aposentados que trabalhadores) a conta não fecha. Veja o caso do funcionalismo público no Rio Grande do Sul, lá atualmente são 162 aposentados para cada 100 ativos.

São várias as razões para essa distorção e uma é a baixa fecundidade. Em 1950 a taxa de natalidade no Brasil era de 6,1 filhos por mulher. Hoje esse número é de 1,7 e, segundo a ONU, continuará em queda. Assim temos mais pessoas envelhecendo (aposentados) e menos jovens (contribuindo).

Além da baixa natalidade, os idosos estão vivendo cada vez mais (o que é excelente para as pessoas). A grande parte da população conhece a expectativa de vida ao nascer, que em 2016 era de 75,8 anos. Isso quer dizer que quem nasceu em 2016 tem uma expectativa de viver até 75,8 anos. Porém, o que muitos não sabem é que esse número é muito influenciado pela mortalidade infantil e por homicídios (que em 2016, segundo a revista The Lancet, foi a principal causa de morte de homens brasileiros). Logo, a expectativa de vida ao nascer não reflete com precisão o tempo que as pessoas estão vivendo a mais.

Para a discussão previdenciária o que precisamos analisar é a expetativa de sobrevida em certa idade, ou seja, quanto tempo as pessoas vivem ao chegarem numa idade x. Em 2016 a expetativa de sobrevida aos 65 anos era de 18,5 anos. Isso significa que ao completar 65 anos esperava viver até os 83,5 (muito maior que a expectativa de vida ao nascer de 75,8 anos).

É claro que não é problema as pessoas viverem mais e terem menos filhos, isso só é um problema para nosso sistema de previdência, pois a conta não fecha.