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A renda fixa morreu? Ainda dá para ganhar dinheiro com títulos de renda fixa?

Por Rafael Almeida


Caro leitor, antes de responder a essas perguntas, vou apresentar alguns fundamentos desse tipo de investimento, e trazer uma visão, que acredito ser de suma relevância, e a grande maioria dos assessores, e especialistas de investimentos não falam.


Antes de tudo, mensurar o tamanho desse mercado é importante, pois tudo que é quantificável é mais bem compreendido. Segundo a PIMCO, a maior gestora global de renda fixa, com mais de 1,7 trilhões de dólares de ativos sob gestão (para se ter uma ideia, essa soma é maior do que toda a indústria de fundos no Brasil), o mercado de renda fixa global hoje soma a impressionante marca de 100 trilhões de dólares, é o maior mercado do mundo, com folga, do mercado de capitais.


Conforme dito nos parágrafos acima, trarei uma visão que é pouco comentado, antes de entrar no mérito sobre características de títulos. Renda fixa são títulos de dívida! Como assim? Os agentes econômicos, isto é, o governo, as empresas, os bancos, são os grandes emissores de títulos de renda fixa, e fazem isso através do mercado de capitais, com o intuito de captar recursos no mercado, para financiarem suas operações. Basicamente, quando você investe em renda fixa, você está emprestando recurso, e financiando alguém, o investidor passa a ser credor do emissor do título, e essa emissão é um passivo dentro do balanço do emissor. Razão pela qual é importante entender, minimamente, quem você está financiando, pois se o título está com taxas muito elevadas, não é porque o emissor é bonzinho, é porque ele precisa mais do recurso, ou há riscos adicionais; na renda fixa, a relação de retorno e risco também andam de mãos dadas.


Respondendo a primeira pergunta do título deste artigo, posso falar com convicção, que a renda fixa não morreu. Entre várias outras razões, comento que boa parte da “temperatura” e ritmo da economia é explicada pela expansão, ou retração do crédito, que através do mercado de capitais, os agentes econômicos têm encontrado alternativa, para financiar suas operações.


Ainda dá para ganhar dinheiro com renda fixa? Sim! A renda fixa além de ter um papel importantíssimo na carteira dos investidores, com muitas estratégias e alternativas disponíveis, também dão equilíbrio de risco e liquidez dentro do portfólio. Mas com os juros em 2% (14/02/2021), como ter bons rendimentos? Como disse anteriormente, renda fixa são títulos de dívida, ou se preferir, de crédito, que ao depender do emissor, do prazo, da liquidez, o tipo de rendimento, podem sim ter bons retornos. A renda fixa também tem os seus riscos, um dos principais, se não o principal, é o risco de crédito do emissor (defaut), que traduzindo, o risco de inadimplência/calote, que quanto menor a nota de crédito do emissor, mais rendimento ele tem que pagar em comparação aos pares com melhor nota de crédito.


Operar prazo em títulos de renda fixa também pode prover bons retornos. Quanto maior o prazo de vencimento dos títulos, maior o risco temporal, de taxas de juros, inflação, e consequentemente as taxas de rendimento serão maiores, também.


Certamente com juros na mínima histórica, os investidores estão precisando buscar alternativas mais elaboradas, para a parcela de renda fixa de suas carteiras. O ganho fácil investindo em títulos pós fixados, com juro a vista de dois dígitos, podem ter ficado para trás e não voltar mais.


Abaixo colocarei alguns dos principais títulos de renda fixa negociados no Brasil, emissor, e tipo de remuneração mais comum:


Títulos Emitidos pelo Tesouro Nacional (Governo Federal)


LFT – Letra financeira do Tesouro (Tesouro Selic)


- Título pós fixado, cujo rendimento é atrelado a taxa básica de juros da economia, com um componente prefixado, que pode ser maior, menor ou neutro, a depender das condições de negociação do título – a título de curiosidade, hoje quase 40% da DFP (Dívida Pública Federal), é financiado através deste título


NTN B – Nota do Tesouro Nacional (Tesouro IPCA)


- Título com rendimento híbrido, taxa prefixada + variação do IPCA, tem a versão com pagamento de juros semestrais


LTN – Letra do Tesouro Nacional (Tesouro Prefixado)


- Título com rendimento de taxa prefixada nominal, tem versão com pagamento de juros semestrais


Títulos emitidos Por Instituição Financeira


CDB (certificado de depósito bancário), LCI (letra de crédito imobiliário), LCA (letra de crédito do agronegócio), LC (letra de câmbio), LIG (letra imobiliária garantida), DPGE (depósito com garantia especial), LF (letra financeira)


- Esses títulos podem ser emitidos com taxa prefixada, pós fixada, e híbrido (taxa pré + taxa pós, ou índice de preços)


Títulos Emitidos por Companhias Securitizadoras


CRI (certificado de recebíveis imobiliário) e CRA (certificado de recebíveis do agronegócio)


- Esses títulos podem ser emitidos com taxa prefixada, pós fixada, e híbrido (taxa pré + taxa pós, ou índice de preços)


Títulos Emitidos por Empresas


DEBÊNTURES


- Esses títulos podem ser emitidos com taxa prefixada, pós fixada, e híbrido (taxa pré + taxa pós, ou índice de preços) podendo ter várias características específicas, e diferentes uma emissão da outra.


Os tópicos abordados neste artigo não são recomendação ou indicação de investimento, são essenciais para qualquer pessoa entender mais sobre educação financeira.


Para saber mais sobre finanças e investimentos acompanhe os conteúdos da Multiplique, inscreva-se nos cursos ministrados e fique por dentro!


Fonte: www.pimco.com.br; www.b3.com.br


Por Rafael Almeida


Rafael é graduado em administração, pós graduando produtos financeiros e gestão de riscos. Atuou como AAI junto ao grupo XP Inc., Especialista de Investimentos no Itaú Personnalité, e atualmente especialista de investimentos no Bradesco Prime. Aprovado no último exame CFP@, e certificado pela ANBIMA, CEA.

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