Quanto se gasta com a previdência?
Danilo Brito, CFP®
O tema previdência continua em alta no Brasil (e ao que tudo indica vai demorar um pouco para sair do noticiário). Vou escrever sobre alguns pontos importantes para refletirmos sobre o sistema atual (em outro momento entrarei no tema reforma).
O governo possui sua fonte de receitas. Se fosse uma pessoa comum essa fonte viria do salário recebido pelo trabalho. Como é o governo (que não é uma pessoa comum) esse dinheiro vem principalmente dos tributos, como impostos (há outras fontes de receitas, mas não é esse o foco aqui hoje). Esses recursos são gastos com saúde, educação, segurança, salários dos funcionários públicos, previdência, entre outros gastos.
Acontece que hoje, de toda a receita primária do governo, 58% é gasto com a previdência. Se somarmos o gasto com salário do funcionalismo, que é 13%, chegamos a 71% do que é arrecadado vai para pagamento de pessoal ativo e aposentado. Dos 29% restante, o governo investe 9% em saúde, 7% para educação e os 13% restantes são divididos em segurança, infraestrutura, transporte, tecnologia, ciência, etc.
Quer ver as coisas piorarem? Com a implantação do teto de gastos (PEC 241), ficou estabelecido um limite para os gastos do governo. Porém, os gastos com a previdência vêm aumentando rapidamente. Posso citar 3 motivos para esse crescimento: o envelhecimento acelerado da população (mais pessoas se aposentando), o aumento da sobrevida da população (as pessoas recebendo por mais tempo) e o reajuste dos benefícios acima da inflação quando o PIB cresce (as pessoas recebendo mais).
Temos um combo perigoso: o governo sem poder aumentar seu limite de gasto, mas gastando mais com a previdência. Isso faz com que a projeção para 2026 é de termos um comprometimento de 79% do orçamento só para pagar a previdência. Salário do funcionalismo, educação, saúde, transporte, segurança e as demais despesas terão que caber em 21% da receita.
Concluo dizendo que é muito importante uma reforma da previdência. Não dá para imaginarmos que nosso governo vai arrecadar “apenas” para pagar a previdência. Caso não haja mudança, teremos menos recursos para as pautas que nosso país mais precisa para crescer.
(Artigo publicado no jornal Folha Metropolitana da cidade de Guarulhos)